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23/03/2012

Gélida - juanguimaraes.com

Várias manhãs retorno de mim e sinto um bafo quente com um tom avermelhado.
Resquícios de uma lanterna japonesa que fica na cabeça.

Ontem a tarde senti na respiração da parede do banheiro, enquanto tomava banho este mesmo tom
Esse calor.

Frio
Sim, pintei no fim da tarde a geladeira de azul
E hoje quando fui tirar o leite, ela fez questão de descascar na porta pra me lembrar que os arranhões estão em baixo.

Ok, ela era velha
Como tudo isso aqui, é velho e não é meu.
Mas toda vez que eu acordo a louça está suja só pra me fazer lembrar que sou teu.
Que mesmo sujos, são meus os teus copos,
talheres,
pés,
pratos,
abraços desacordados.

Onde eu estava?

Nossa, me perdi nesse bloco de capa crua com páginas brancas riscadas.
Nas escadas.
No primeiro dia eu subi e desci várias vezes e até na porta que talvez fosse a certa eu bati.
Nossa, me perdi nessas escadas velhas, insistentemente  brancas e riscadas.

Na minha coxa eu tatuava
Pra imortalizar até o dia das lágrimas, essa bagunça linda, suja e desenfreada
Que nem a da loira passada
A que no pulso pulsa
E ainda pulsa.
Porque certo ou errado, que nem eu e você, foi amor.
Outro tipo, outra cor
Mas é.
Simples e clara como a minha insônia, que me faz tirar essa foto da gélida
E que seja boa, pois só vou tirar uma.

Cansei de amarguras, tonturas
Sim!  Eu tenho os trinta e dois dentes e nunca tive caries nem senti dor.
Agora eu quero o doce mais doce e o chocolate preto mais preto pra acabar com esse ar bonito e branco dos meus dentes.


Deus
Canta no meu ouvido e me faz dormir
Me faz lembrar de quando eu tinha cachos
Que corria pelado e que fiz xixi nas calças no dia do meu batizado.

Quem sabe eu acordo chuvoso e inocente.



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